O dia 11 de março de 2011 será marcado pelos episódios naturais ocorridos em nossa cidade. A bela “deitada-a-beira-do-mar” como dizia o poeta, acordou assustada com as notícias nunca divulgadas de enchentes e deslizamentos de morros em seu ventre e entorno, causada pela quantidade de chuva torrencial que o abatia.
No dia anterior, a natureza já havia traçado um desenho do que estava a acontecer, quando começou chover em quantidade e volume nunca vistos, descendo dos morros, alagando os pontos mais baixos e dando o primeiro indício com o deslizamento no Morro do Bom Brinquedo, no coração da cidade.
Mas foi na noite do dia 10, quinta-feira e amanhecer do dia 11, sexta, que presenciamos o maior volume de chuva aqui registrado.
A quantidade e a força da água foram tão intensas que os telhados das casas indicavam que todos iriam desabar. As centenárias telhas de algumas casas históricas não resistiam tal quantidade que gotejavam por inteiro, causando pânico aos moradores. As luzes se apagaram, os telefones ficaram mudos e o abastecimento de água potável foi interrompido.
Mas foi em torno das 14h que começamos a perceber a verdadeira consequência das intensas chuvas, quando aconteceram os deslizamentos no bairro das Laranjeiras. Dois morros no seu entorno não suportaram tanta água, deslizaram e levaram árvores, pedras e lama soterrando grande parte das moradias e fazendo uma vítima fatal. Em outras localidades também aconteciam deslizamentos, como na Graciosa de Cima, no Bairro da Caixa D’agua, Buraco da Onça e no Km4. Somente não houve mais vítimas fatais nos soterramentos devido ao trabalho dos policiais do Corpo de Bombeiros, que nos primeiros sinais, retiraram os moradores. As ruas centrais se transformaram em verdadeiros rios e todas as casas abaixo do nível das ruas foram tomadas pelas águas. Bairros inteiros foram alagados.
Fomos todos vítimas, independente de grau de perda. A noite foi longa, mais ainda para os desabrigados que perderam tudo, e para centenas de desalojados que foram acolhidos em igrejas e escolas municipais. O momento era indescritível de pura tristeza, choro, pânico e desalento. Ninguém acreditava que tudo aquilo estava acontecendo conosco, pois estávamos acostumados ver este tipo de cenário somente pela televisão. Em outras comunidades.
As autoridades constituídas começaram imediatamente suas tarefas de abrigar as pessoas, cadastra-las e coletar doações para minimizar o sofrimento. A Defesa Civil fez sua parte e a maioria da comunidade não mediu esforços para ajudar. Um enorme mutirão aconteceu. Parecia que estávamos em guerra. Som de helicóptero tangia nosso amargo silêncio e dezenas de veículos cruzavam nosso olhar, carregando móveis, mantimentos e distribuindo água potável para a população. Autoridades de todos os escalões nos visitaram e viramos noticiário nacional.
O dia 11 de março, das tão cantadas chuvas nos pegou de maneira diferente, de surpresa, sem estarmos preparados, apesar de “termos consciência” da natureza do nosso habitat e da fragilidade do nosso solo. A natureza reagiu e mandou seu recado. Espero que tenhamos ouvido, visto e refletido para agirmos com mais sabedoria e respeito. Nossa cidade não é mais a mesma, depois do dia 11 de março de 2011.
Eduardo Nascimento
11 de abril 2011
Grande Bó, só quem estava em Antonina este dia, é que sabe o pânico que nosso povo passou.
ResponderExcluirNão foi fácil todo aquele barro cobrir os pararelipipidos das ruas centenarias, que antes apenas o mato tirava a visão das pedras da rua.
Fica aqui o meu lamento e pedido de socorro por soluções permanentes para nossa cidade.
Bó, audiência pública para discutir pós tragédia na Câmara dia 20/04, às 20:00 horas. Você também é pai dessa idéia. Conto com sua presença. Se puder divulgar agradeço. Grande abraço.
ResponderExcluirBó só corrigindo o horário é 18:00hs e não 20:00hs, ok. Obrigado.
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