Nelson Pires da Silva 15/12/2021
Transcrito e editado por Eduardo Nascimento
Nelson Pires da Silva 15/12/2021
Transcrito e editado por Eduardo Nascimento
A Ermelino de Leão em 1975. |
Nostalgia da Rua Ermelino de Leão
A rua que
nasci, vivi minha infância e ainda resido na…Rua Ermelino de Leão,59 que já foi
7. Pequena rua de uma quadra só, que tem em sua paisagem de fuga a Igreja de
São Benedito.
Quanta nostalgia. Na esquina era a Barbearia do Polaco e do outro lado a Escol, Papelaria e escritório contábil do seu Henrique Kopchinski; depois passou a funcionar a alfaiataria do Domício e do Luiz Barbosa. Na Ermelino de Leão;
Tinha a
telefônica, ou Companhia Telefônica Brasileira enfrente a pequena oficina do
Luiz Relojoeiro, e o IAPTC, depois INPS. O consultório do Dr. Carlito na casa
da família Nemer, que mantinha um engenho de arroz, enfrente a residência da
família Teglia Moreira (Zezito, Laumar, Josias e Maria Alice) …Vizinha do seu
Félix e depois Dona Letícia… Na Ermelino de Le;
Defronte a
minha casa moravam, Chico Barulho e Dona Luizinha, família Picanço, frequentada
pelos Withers, Ione e sua irmã Nerea Sarmento. Iara, filha talentosa, dançava
música flamenca e suas castanholas despertavam o quarteirão… Tudo acontecia na
Ermelino de;
Arailde,
irmã de Diva, tocava violino nas novenas da padroeira, minhas vizinhas de
parede; ao lado da residência da família Madureira, que também viveram os Cecyn
de Jorge…Clotario de Paula…Geraldo Camargo, Eguinaldo Vieira e Sargento Afonso. Defronte a
lavanderia do seu Estanislau, polonês da gema, que cultivava uma horta no
quintal, adubada com fertilizantes despejados pelos cavalos que trafegavam na
rua de paralelepípedos.
No
predinho, como era chamado, moravam seu Juca no térreo e Quinco Simão no andar
de cima…depois vieram outros moradores; na casinha de área residência do seu
Cazito, da família Renaut…Argeu, Zé Mário, Marco Antônio…Na rua Ermelino;
A família
Cecyn ocupava toda esquina. Lembro, de fraca memória do seu João Galo Cego e
dona Rachida, pais de Maria, Foeda, Tufi, Rachid, Ivete e João, prole de cantores.
Tufi deu continuidade ao comercio da família, e seu armazém de secos e molhados
ocupava parte da rua e a esquina da XV... tudo isso na Ermeli;
César
Mussi além de residir, montou o estúdio da Rádio Antoninense, que tinha até
auditório para realização de programas de transmissão ao vivo, da nossa ZYX-6.
Cantei muito nos programas infantis que começavam as 10h. Imagine, quanta
mobilização teve a pequena rua Erme;
Outras
lembranças marcantes também fazem parte da minha memória, tais como: a sede da
Filarmônica Antoninense, a loja das cestas de natal Amaral, do Restaurante
Cruzeirão, do Bar Sambaqui, do Escritório de Contabilidade de João Bang, da
oficina do Coelho, do cartório do seu Camargo, das lojas de Cid Ardigo e de
Jorge Bigodudo na esquina da Er;
Sentimentos
marcantes e presentes de: Mariquinha Bó, minha avó eterna, Nilza Abreu, Nerea e
Iara Sarmento, Arailde, sargento Afonso, Jorge Nemer, Laumar, Josias, Maria
Alice e Antônio Pelica… Meus eternos e saudosos vizinhos.
E a
Ermelino de Leão segue viva e dinâmica, com outros protagonistas, que com
certeza, constroem diariamente suas histórias e farão parte de um novo relato.
Eduardo Nascimento Bó
P.S. Este texto foi redigido na noite de 28/11/21, domingo, sentado em frente a porta da minha casa, em um simples momento de nostalgia. Com certeza devo ter sido traído pela memória e alguns amigos e vizinhos não foram contemplados. Coisa do momento...Coisas da memória de um setentão.Foto da capa do livro |
Sempre a mesma história e muitas dúvidas quanto as datas comemorativas da cidade.
Aprendemos nas escolas que a data é comemorativa a sua emancipação
política.
Mas, comemorar uma emancipação não parece algo tão “comemorativo”.
Não seria melhor comemorar sua fundação. Mas quando foi a fundação de Antonina?
No meu último livro, o “Antonina Frag-men-tos” dediquei um capítulo no sentido de clarear algumas dúvidas sobre nossa existência, pesquisado através de escassa biografia e de alguns alfarrábios e ‘achismos’ populares (citações na página).
Diversos artigos foram publicados, até por instituições que merecem nossa credibilidade, mas precisam ser olhados com muito cuidado e não apenas se utilizar do viciante e confortável copiar e colar do computador, e postar datas e valores não tão confiáveis.
Mas o que realmente aconteceu a 06 de novembro de 1797? Bem vamos lá pro livrinho:
“Em poucos anos, cresce a população da Freguesia de Nossa Senhora do Pilar da Graciosa, chegando aproximadamente as 2300 almas/pessoas. E coube ao padre Antônio do Valle Porto, filho do Sargento-Mor Manoel do Valle Porto, liderar o movimento reivindicatória dos “capelistas” solicitando ao governador da Capitania Geral de São Paulo, Antônio Manoel de Melo Castro e Mendonça, sua elevação de Freguesia em Vila. Cujo intento foi aclamado em 29 de agosto de 1797. Sendo sua instalação solene a 06 de novembro de 1797. Recebendo a denominação de Villa Antonina, em homenagem ao príncipe D. Antonio, filho de D. João VI e da rainha D. Carlota Joaquina de Bourbon, nascido a 21 de março de 1795 e falecido a 11 de junho de 1801.”
Entende se que devemos comemorar a instalação da VILA ANTONINA, e claro se a Freguesia como era conhecida não passava de um território conhecido pelo clero, com a criação da Vila a comunidade se torna independente...emancipada. Pois, estava sendo instalado os poderes da câmara, delegacia e o pelourinho. Instancias obrigatórias de liberação e cumprimento das leis imperiais. Certo!?
Muitos usam a data de 12 de setembro de 1714 como nossa fundação, mas o que realmente aconteceu foi a autorização da construção da Igreja de Nossa Senhora do Pilar (antes da Vila), construída em terreno doado por Vale Porto, que aqui chegou no ano de 1712, era apenas uma sesmaria.
Outra data importante é 21 de janeiro de 1857,
pela lei provincial N°14, Antonina foi elevada à categoria de cidade, já
pertencendo a Província do Paraná, se tornando umas das primeiras cidades paranaenses
(antes pertencíamos a Província de São Paulo).
“Parece muito confuso, mas a historiografia nos auxilia, quando percebemos as diferenças entre sesmeiro, povoador e fundador. Nossa história é rica de fases e momentos distintos, valorizando assim nosso caráter civilizatório e existencial. Espero que este pequeno relato, incentive pessoas a pesquisar sobre a nossa tão rica história, e consiga em breve publicar algo mais consistente e didático.”
Vamos então fazer do nosso tão querido 6 de novembro a data comemorativa da instalação da VILA ANTONINA e não apenas de sua tão falada emancipação. Mais midiático, mais histórica e mais coerente. Viva a Vila Antonina!
P.S. Outras datas comemorativas vc encontra no livro “Antonina Frag-men-tos”, para compra na Livraria Da Barca ou autografado diretamente com o autor através do Whatsapp 99906-4081.
Hoje quem vai para o Divã do Jekiti é nosso amigo
“paciente” Beto Lopes, mais conhecido como Beto Bombeiro... Conta aí Beto:
NA CASA ERRADA
“Nos anos oitenta, naqueles bons tempos do Clube Primavera de Antonina, certa vez um de nossos amigos pegou a chave de uma casa que sua mãe tomava conta e levou para o baile. Quando nos encontrou tornou público que, caso alguém arranjasse alguma ‘companhia’ amorosa e precisasse de um lugar para encontros, bastava pegar a chave da casa com ele.
Não demorou muito e logo apareceu um empolgado e pegou a
chave, da tal residência.
O casal ávido por um aconchego amoroso em um confortável
recinto, chegando ao local previsto, ei-la a casa dos sonhos, mas a tal cobiçada
chave não conseguia abrir a porta.
Tentaram...tentaram e nada. Mudaram para a porta dos
fundos e nada também. A ansiedade era tanta que não deu outra... Olharam as
janelas e com um jeitinho nervoso conseguiram abrir, pularam e
entraram sem nenhuma cerimônia.
Casa arrumada, quartos impecáveis e roupa de cama limpa,
animou ainda mais os ‘pombinhos’. Após o ato amoroso, aproveitaram para tomar uma
bela ducha reanimadora e ousaram em carregar a toalha de banho, com a desculpa
em não deixar vestígios da ocupação.
Ao devolver a chave ao amigo, o contemplado reclamou das
dificuldades que teve em abrir a porta e contou que abriu e pulou a janela, para
conseguir tal façanha. - Pô, pare aí, você
entrou na casa errada! Comentou surpreso e indignado o tal amigo, dono da chave.
Ainda bem que a prejuízo foi apenas uma toalha de banho.”
Beto Lopes (arquivo do Facebook) |
Obrigado amigo Beto!
O Divã do Jekiti é uma coluna publicada no Blog Palavradobó, com causos e histórias contadas pelos frequentadores do Jekiti, lugar de convivência social – ponto de ônibus com dois cafés. As conversas-histórias são gravadas, subscritas e postadas pelo editor do blog. Mas, em tempo de pandemia do Covid-19, para evitar aglomerações, os frequentadores enviam suas histórias por rede social... E a gente divulga!
A
VISITA DO IMPERADOR D. PEDRO II
Na fachada do prédio da prefeitura de Antonina, encontra-se afixada uma placa de mármore, comemorativa a visita do Imperador D. Pedro II, cuja honra maior é que a casa serviu de hospedaria ao casal imperial, em quando estiveram em visita a nossa cidade, em 1880. O referido imóvel foi construído por ordem do Coronel Líbero, na metade do século XIX. Também pertenceu a Antônio Alves de Araújo, cuja senhoria foi o anfitrião da família real. Em 1914, o sobrado é adquirido e reformado por Antônio Ribeiro de Macedo, então prefeito, passando a sediar Prefeitura e Câmara.
VISITA AO PARANÁ
Nos consta que, nos meses entre maio e junho de 1880, o Imperador D. Pedro II e sua esposa, Dona Tereza Cristina, e comitiva, estiveram em visita a nova Província do Paraná. Desembarcaram em Paranaguá no dia 18 de maio e por aqui passaram 20 dias, visitando várias cidades.
“Sua vinda ao Paraná tinha dois motivos principais: vistoriar as unidades militares do Sul do país depois da Guerra do Paraguai, encerrada anos antes, e visitar as colônias de imigrantes, que trouxeram as culturas típicas europeias, como a batata e o arroz", explica o associado do Instituto Histórico e Geográfico do Paraná, Venceslau Muniz Filho. Além do local de embarque e desembarque da comitiva, o litoral também fez parte do roteiro de Dom Pedro no estado. Ao todo, ele permaneceu na região durante seis dias entre Morretes, Antonina e Paranaguá, de onde seguiu viagem no dia 5 de junho (retorno ao Rio). A rota imperial também contemplou Curitiba, Campo Largo, Palmeira, Ponta Grossa, Castro e Lapa."(1)
VISITA A ANTONINA
O imperador passou duas vezes por nossa cidade. A primeira, a 20 de maio de 1880, vinda de Paranaguá, que aqui permaneceu por poucas horas e foi a Curitiba pela nova Estrada da Graciosa, e a segunda, retornando, ficou por aqui dois dias, 05 e 06 de junho, e aproveitou para visitar escolas, igrejas, hospitais e o local do porto, conhecedor dos estudos realizados pelo Barão de Teffé.
Na época, assim escreveu o Jornal 19 de Dezembro:
“No
dia 20 de maio de 1880, pelas 06:00 horas da manhã, embarcaram suas majestades
para Antonina, transportando-se no vapor “Iguassú”, para o paquete “Rio
Grande”, sendo acompanhados a essa cidade por muitos cidadãos e distintas
senhoras de Paranaguá, oficialidade da Marinha, capitão do Porto, e autoridades
superiores das mesmas localidades, a bordo do “Rio Grande”, as 08 horas,
serviu-se um delicado e profuso almoço para o qual sua majestade dignou-se a
convidar todas as pessoas que se achavam a bordo e as 08:30 minutos,
desembarcaram suas majestades em Antonina, debaixo de vivas e brilhante
manifestação de entusiasmo. Apesar da chuva, achavam-se no local de
desembarque, toda a flor da população da cidade, grande número de senhoras, um
grupo de meninas e uma banda de música que entoou o hino nacional, acompanhando
sua Majestade, depois que a Câmara Municipal apresentou suas homenagens aos
augustos soberanos. Suas majestades depois do descanso, partiram para
pernoitar.” (2)
O historiador Francisco M. dos Santos, em sua edição intitulada “D. Pedro II- Diário da visita a Província do Paraná” nos proporciona curiosas anotações do imperador, referindo-se as localidades visitadas, e em especial – para nós - a nossa cidade. Eis um pequeno trecho:
“(...) [Curitiba] Antes de ir ao Capanema, visitei o escritório da empresa da estrada de ferro onde tomei informações relativas a obra de Ferraci e Curitberti. Os desenhos deste pareceram-me muito bem feitos. Estudam a melhor passagem da serra. há quatro possíveis: Itupava, Emboque, Caiguaba e Arraial, de norte a sul.
Voltei a Morretes, e pouco depois das duas horas parti para Antonina.
Bonito
caminho vendo-se sempre ao longe o alto Marumbi. A estrada atravessa o núcleo
Sesmaria. Terras boas, porém, em alguns lugares encharcadas como num prazo cujo
colono disse-me que suas melhores terras tinham muita água que impedia sua
cultura. Outro prazo do Bergamasco Luigi Corbetta estende-se por uma encosta.
Está bem plantado. Os colonos dos terrenos percorridos mostram-se contentes.
Cavaleiros no lugar em que a estrada se reúne a da Graciosa, e cheguei a
Antonina cujo aspecto é risonho, as 4 e 20 minutos.
Antonina
Meia
hora depois sai. Câmara, a casa é boa, e está muito bem arranjada. Padrões
métricos o que já tenho dito, parecendo-me, contudo, melhor tratados que em
outros municípios, porém não com o mesmo cuidado da Lapa. O clube literário
está bem arranjado. Também há leitura de noite. Poucos livros. Cadeia vazia
alugada por 20$000 ao mês a um mestre de obras, Adriano, que me apresentou o
dono da casa que habito, Antônio Alves de Araújo, e parece seu protegido,
quando a casa da Câmara que alugou a casa da cadeia e de que é presidente Alves
de Araújo, paga 30$000 sendo muito melhor casa. Não há proporção. Finalmente,
visitei a enfermaria particular montada pelos Drs. Melo e Grilo em casa de
sobrado por que pagam 15$000. Só havia seis doentes, sendo um por infecção
palustre.
Jantar
cerca das 7, conversa depois, e às dez horas recolhi-me para ainda ler
requerimentos, que não pudera examinar em Morretes.
O
presidente da província com quem conversei a respeito de seu último relatório e
outros negócios da província disse-me que Jesuíno Marcondes vendeu os terrenos
de Pugnas e outros da mãe, de quem é procurador, por elevado preço, apesar de
maus para as colônias, e que Jesuíno está frio com ele. Eu muito me tenho
incomodado com este negócio de terras e declarei ao presidente que a vista que
constava do precedente de Jesuíno Marcondes que eu supunha ter-se arredado de
semelhantes traficâncias, entendi que não podia continuar a ser vice-presidente
da província.
Enfim,
percorri de carro 44 léguas de Antonina até Castro, o que não posso fazer em
nenhuma outra província a não ser o Rio Grande com seus campos naturais.
A
viação é a principal necessidade do Paraná. Convém levá-la até aas férteis
margens do Ivaí. Aí é que se estabeleceram prósperos agricultores. Os campos
gerais são próprios para a criação que cumpre melhorar pela maneira que disse e
a marinha é pouco adequada à colonização, pelo clima e terrenos paludosos.
7 de junho – (seis horas da manhã, perto do rio).
Antes
de ontem em Antonina sai as sete da manhã. Casas pequenas, mas bem arranjadas.
Os professores e professora das aulas que o inspetor me designou como melhores
pareceram-me bons. Os chamados como melhores, embora recitem orações, não sabem
explicá-las. O vigário passa por virtuoso, mas não explica doutrina. Fui também
ao mercado – casa menos que a de Paranaguá. Poucos gêneros. As reses – três por
dia – matam-se fora, no campo. Almoço às oito e meia.
Nove horas. Exame no porto desde Itapema de baixo até o molhe, cuja escada na ocasião de meu passeio da manhã vira que ficara em seco, tanto espraia o mar. Notei três pedras ou parcéis, que não estão no mapa de Tefé. As ondas deste parecem exatas, pois as que se fizeram no meu escaler e foram em meio e mais que preamar. O ancoradouro está-se aterrando, pelo que traz o rio cachoeira. Um dos práticos me disse que vira formar uma ilha que parece bem grande.” (3)
Texto extraído do livro "Antonina frag-men-tos" de Eduardo Nascimento (leia na íntegra)
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Hoje quem vai para o Divã do Jekiti é minha amiga
“paciente” Denise Baiana. Conta aí Denise:
MANDE ENTRAR!
Então meu amigo... Vou te contar esta história que é muito engraçada:
Para quem conheceu meu pai, Baiano...Ele era terrível, um
homem muito ruim...Muito ruim mesmo! E na minha casa - todas filhas mulheres,
nem pensar em levar um amigo. Nunca...Nunca isso aconteceu!
Embora nós tivéssemos uma sorveteria, mas a gente atendia
e pronto...Não passava daquilo. Quando ele chegava, as pessoas o cumprimentavam...
Boa tarde! E ele não respondia. Enfim...Em um certo dia minha mãe viajou a
Curitiba. Fiquei “sozinha” na sorveteria, mas na companhia do amigo João Garça –
sempre ficava encostado na parede...quietinho e eu atendendo. Nisso, chegou um
grupo de senhoras católicas que levavam de casa em casa a tal Capelinha da
Santa, que permanecia alguns dias em cada moradia, sempre acompanhada de
orações pelos moradores e vizinhos. Assim mesmo, tive que falar com o pai pra
ver se ele consentia a presença da santa – e tinha que falar bem devagar: Pai, tem
umas senhoras que trouxeram a santa...Aí, após cinco minutos de silencio,
respondia: MANDE ENTRAR! Elas entraram por um corredor enorme da nossa casa (hj
ali ao lado do Bar do Lontra), e iniciaram as orações, mas João Garça continuava
na sorveteria.
Nisso chega Epitácio correndo e tagarelando e pergunta se
tudo está bem. João, com uma cara de triste comenta: Você não sabe o que acaba
de acontecer? Que foi cara, retruca Epitácio. Seu Baiano acabou de falecer. - Não
é possível cara. Verdade, pior é que Dona Albanira está viajando e Denise ficou
sozinha. Pô João mentira...fala Epitácio. E João afirma ainda mais: Olhe aí no
corredor a gentarada...E Epitácio para satisfazer sua curiosidade adentrou a nossa
casa.
Viu aquela gentarada rezando, mas deu de cara com o pai. Com
aqueles óculos de lentes verde – que ele usava. Pita tremeu nas bases e teve
que assistir a reza até o final, para justificar sua presença – pois lá em casa
não entrava marmanjo nenhum na presença do Seu Baiano. João Garça do outro lado
da sorveteria, presenciou tudo e caiu na gargalhada. Epitácio saiu cabisbaixo e
xingando o amigo João...Virando o assunto da semana.
Também com aquela filharada bonita...Seu Baiano não deixava ninguém chegar por perto.História da minha infância.
Denise Baiana - 13 setembro 2021
Obrigado amiga Denise!
O ARMAZÉM MACEDO
Conhecido por minha geração como “Ruínas do Casarão”,
“Casarão do Macedo” e Armazém Macedo. A velha construção que serviu de
depósito das nossas maiores riquezas produtivas durante o ciclo do erva-mate
(1820-1930), período em que o nosso porto exportava o produto para os países da
bacia da Prata, Argentina e Uruguai, e galgou importante papel na economia e na
movimentação de cargas.
A imponente edificação fazia parte de um conjunto
estratégico de depósitos, que servia a produção, embalagem, armazenagem e exportação
da erva-mate, através dos inúmeros atracadouros, que compunham nosso potencial
portuário da época.
De sua concepção inicial, provavelmente na segunda metade do século XIX, pelos idos dos anos de 1880, até as ruínas que fazem parte da nossa memória coletiva mais recente, o armazém passou por inúmeras situações, quer como propriedade e função.
O Armazém Macedo, como será denominado nesses
escritos, consta em sua primeira escritura de venda, que pertenceu inicialmente
a empresa Loyola e Rebello, e que em 26 de janeiro de 1893, foi vendida para
Macedo e Companhia, representado pelo sócio Antônio Ribeiro de Macedo. Cuja
documentação de venda não consta que o terreno aforado de marinha, continha
edificação.
“...Revendo neste cartório, o Livro sob
nº14 e 15, de ESCRITURAS, nele às fls. 43vº à 44vº, consta a escritura do
seguinte teor: Escriptura de venda que fazem LOYOLA & REBELLO, de uns
terrenos com princípio de edificação a MACEDO & COMPANHIA, como
abaixo se declara. Saibão quantos esta virem que sendo no anno do Nascimento de
Nosso Senhor Jesus Christo de mil oito centos noventa e três, aos vinte seis
dias do mez de janeiro do dito ano, nesta cidade de Antonina, em o escritório
de Loyola & Rebello, onde eu Tabelião interino fui chamado vindo, ahi
presentes partes justas e contratadas, de um lado como vendedor Loyola &
Rebello, representados pelo socio Coronel Joaquim Antonio de Loyola, de outro
como comprador o coronel digo comprador Macedo & Companhia, representado
pelo socio Coronel Antônio Ribeiro de Macedo...”¹
A empresa Macedo e Cia, de sociedade dos irmãos Antônio
Ribeiro de Macedo e José Ribeiro de Macedo, adquirida em 1893, terreno
de aforamento da marinha, não continha nenhuma edificação. Somente a partir de
1927, após inúmeros acertos e negociações entre a empresa e a união referente
ao aforamento do terreno, que aparecem vestígios documentais da construção do
armazém. A 06 junho de 1930, Antônio Ribeiro de Macedo, adquire as ações
dos herdeiros inventariantes do seu irmão e passa a ser sócio solidário do
aforamento e do armazém, onde pela primeira vez, consta no registro do imóvel,
conforme transcrito:
“Certifico que a fls. 62 do livro nº3ª
nº72 foi transcrito a Escriptura do imóvel conforme extrato abaixo: SITUAÇÃO:
Rua Marques de Herval nº1 desta Cidade. CARACTERÍSTICOS: Consta de partes do
Armazém sito a Rua Marques de Herval nº1 desta Cidade, todo construído de
tijolos, coberto de zinco, dividindo-se por um lado e fundos com o Mar, e por
outro lado com armazém e terrenos de marinha aforados a João Cordeiro, cujo
armazém está edificado em terrenos de marinha aforados do Governo Federal, pelo
outorgado comprador, armazém esse, que se acha em comum com os demais herdeiros
e com o mesmo outorgado comprador. ADQUIRENTE: Antônio Ribeiro de Macedo,
residente nesta cidade. TRANSMITENTES: Mario Caron e sua mulher Dna. Odaléa
Macedo Caron, José Macedo Junior e sua mulher Da. Clotelvina Portugal Macedo, e
Manoel Valdomiro de Macedo e sua mulher Da. Aurélia Dacheux de Macedo, todos
residentes em Curityba. TÍTULO: Escriptuta publica de compra e venda lavrada em
6 de junho de 1930, pelo Tabellião José Ferreira de Oliveira, desta cidade.
VALOR: Oito contos e quatrocentos mil reis (8:400$000) CONDIÇÃO: Puro e
simples. O referido é verdade e dou fé. Antonina, 10 de junho de 1930 - José
Ferreira de Oliveira – Official.” ²
Leia mais no livro "Antonina frag-men-tos", solicite WhatsApp 99906-4081 ou na
Livraria da Barca em Antonina. Apenas R$49,90
Leia ainda: A reforma do Armazém e seu anexo... Quem foi o Coronel Macedo.
Agora é a minha vez de “paciente” em ocupar o Divã do
Jekiti, e contar uma história:
O QUADRINHO DA PADROEIRA
Durante minha adolescência, entre meus 14/17 anos – anos sessenta, fui fervoroso frequentador da igreja matriz de Nossa Senhora do Pilar, em Antonina. Além de pertencer ao grupo de jovens, ajudava nas cerimônias religiosas e em diversas atividades. Entre elas, durante as missas e novenas, sempre na companhia do amigo Alfredo Jacob Filho, éramos encarregados de vender os artigos religiosos na porta da igreja.
Nesse período, era a Congregação Redentorista – os padres
americanos, que dava os sermões, todo voltado a implantar a devoção de Nossa
Senhora do Perpétuo Socorro em seus redutos de domínio. Aqui, não ficou por
menos. “Recebemos” milhares de lembrancinhas com a imagem da nova-santa.
Mês de agosto se aproximava, e notamos – eu e o amigo –
que não teríamos nenhuma lembrança com a imagem da nossa padroeira a ser
comercializado entre os devotos e romeiros. Mas tínhamos dezenas de caixas com
quadrinhos, porta-retratos, com a imagem da Perpétuo Socorro.
Na época, o senhor Cavagnolli da gráfica de Morretes,
gentilmente doava uma certa quantidade de impressos com a estampa e hino da
padroeira do Pilar. Então, tive a ideia em abrir os porta-retratos e substituir
a imagem da Socorro pela do Pilar. Inicialmente, fiz apenas um quadrinho –
escondido dos padres, e em questão de minutos vendeu.
Com uma boa expectativa de venda, falamos com o vigário e
ele nos autorizou a trocar a imagem, sendo que o objetivo maior era mesmo vender
e obter lucros. Mudamos todo o estoque e colocamos a venda nas novenas
preparatórias.
No dia da festa - 15 de agosto, todos os quadrinhos foram vendidos. E na hora de entregar a “grana” para o vigário – foi o maior montante entregue - combinamos em retirar uma pequena comissão, como parte de nosso trabalho e ideia, já que nunca fomos contemplados com nenhum tipo de benefício. Apenas...O “muitobriiiiiigado!” com sotaque americano.
Além do desejo em proporcionar aos fiéis e romeiros, uma lembrancinha da festa da nossa padroeira, tínhamos um desejo famélico maior que era saborear o cheiroso e suculento churrasco da Barraca do Ferreira – que nos perturbava em todos as festas - instalada entre a praça e a igreja. Nossa situação econômica e idade não possibilitaria tal intento. Daí a ideia em trabalhar para conseguir.
Fizemos a apropriação amedrontados, pois como falaríamos em casa que almoçamos na Barraca do Ferreira, se não tínhamos dinheiro?
Uma coisa eu garanto, foi o melhor churrasco que comemos em nossas vidas. Sentamos nos bancos de tabuas das mesas da barraca, fizemos os pedidos: dois churrascos faça o favor! E logo nossos olhos se encheram de alegria ao ver aquele “encantado” prato de papelão, com um baita suculento filé, salada e farofa. Comida típica de festa de igreja da época. Uma benção!
Na semana seguinte, durante a confissão, contamos para o padre nossa façanha. Nada que umas orações, meia dúzia de pais-nossos e dezenas de ave-marias, aos pés do altar não nos perdoa-se. Amém! E ainda sobrou um dinheirinho para gastar nas barracas de brinquedos. Desejo de criança.
Eduardo Nascimento 11 de agosto de 2021
Em tempo de pandemia, escreva uma das suas histórias, me envie que divulgo. Assim vamos construindo nosso repertório popular.
O Divã do Jekiti é uma coluna publicada no Blog palavradobó, com causos e histórias contadas pelos frequentadores do Jekiti, lugar de convivência social – ponto de ônibus com dois cafés. As conversas-histórias são gravadas, subscritas e postadas pelo editor do blog. Mas, em tempo de pandemia do Covid-19, para evitar aglomerações, os frequentadores enviam suas histórias por rede social...E a gente divulga!
Dia 15 de agosto é comemorada a festa da padroeira da cidade, Nossa Senhora do Pilar.
O escritor Ermelino de Leão¹, nos conta que... “no pequeno povoado de Guarapirocada, quando o sesmeiro Sargento-Mor Manoel do Valle Porto – considerado o fundador do povoado - aportou por aqui em 1712, trazendo inúmeras famílias para trabalhar em suas lavouras e na mineração, se estabelecendo na Ilha da Graciosa (hoje Corisco)”.
No povoado, duas irmãs Maria e Tereza (somente se reporta a Tereza – Maria aparece como suposta em alguns escritos) eram devotas fervorosas de Nossa Senhora do Pilar. Possuíam uma estampa da virgem e todo dia 15 de agosto reuniam as pessoas do povoado e celebravam rezas em seu louvor. Valle Porto se aliou aos devotos e entusiasmado com o fervor da crença e mandou construir uma capela para que os moradores pudessem melhor render o culto à santa.
Enquanto a obra era erigida, encomendou uma imagem da Virgem do Pilar a um santeiro da Bahia, que julgando desconhecimento do contratante, lhe enviou a imagem de outra Nossa Senhora, a da Soledade, mas a “trapaça” foi percebida e a imagem foi devolvida, até anos mais tarde chegar a encomendada.
Ermelino ainda nos conta que: “a princípio foi construída a Capella-mór, suficiente para o culto que os cinquenta casais fregueses, poderiam tributar á virgem, naqueles remotos tempos; e quando chegou da Bahia, a verdadeira imagem de Nossa Senhora do Pilar, pode Valle Porto, com grande gaudio, deposita-la no seu altar, doando-lhe, segundo narra a tradição, os terrenos circunvizinhos, para o seu patrimônio”.
A construção da capela foi autorizada no dia 12 de setembro de 1714, pelo bispo do Rio de Janeiro, D. Frei Francisco de São Jerônimo, e o povoado passou a ser denominado de Freguesia de Nossa Senhora do Pilar da Graciosa, onde hoje se encontra o santuário, marco importante para a formação do povoado e de sua religiosidade.
As Festas de Agosto²
Foi devido a construção da capela que os moradores da localidade ficaram conhecidos como Capelistas. As festas a cada ano que passava, eram bem mais animadas. Centenas de pessoas moradores da vila e das comunidades próximas, não mediam esforços para marcar presença no dia 15 de agosto, em agradecimento ou para pedir as bênçãos da santa padroeira. As tradicionais barraquinhas – coisas da igreja– surgiram somente no início do século passado, lá pelos anos 30 e serviam para angariar recursos para o Hospital de Caridade da cidade, que estava localizado perto da matriz.
E foram nas décadas de 30 a 60 onde aconteceram as maiores festas. Milhares de
romeiros vindos dos mais distantes lugares, de barco, de ônibus ou de trem,
chegavam a Antonina, para comemorar a tão esperada e anunciada Festa de Agosto,
em homenagem a Nossa Senhora do Pilar.
...
Leia mais: texto extraído do livro "Antonina frag-men-tos"
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Hoje quem vai para o Divã do Jekiti é nosso amigo “paciente”
e vereador Wilson Clio de Almeida Filho (Wilsinho), que nos enviou esta
história. Conta para nós Wilsinho:
AQUI NÃO MORA NINGUÉM COM ESSE NOME
Essa história você já deve conhecer...Ou não...Não sei. Questão dos apelidos de Antonina, que é muito conhecida...Nacionalmente...
Então, nos idos dos anos sessenta...setenta...Ou por aí,
o seu Amilton Ribeiro de Freitas, irmão de Albino, Altino...De Adonai...aquela
turma toda. Fez uma ficha de emprego em uma das indústrias do porto – não
lembro bem se era no Matarazzo...Bem, uma empresa que operava no porto. Naquela
época eram poucos que tinham telefone, só os fidalgos da cidade. E existia nas
empresas a figura do mensageiro – com a funções de fazer serviços de banco...office
boy e dar recados referentes a empresa. Esse mensageiro, com a ficha aprovada
do candidato Amilton, foi em sua busca para lhe anunciar sua aprovação e dar
início imediato ao trabalho. Chegando no endereço citado na ficha, estava na
janela da casa, a senhora Mãe do referido candidato e uma das irmãs, diz a
lenda que era Arlene, então o mensageiro cumprimentou as duas, se identificou e
falou: estou procurando aqui seu Amilton Ribeiro de Freitas, o qual fez uma
ficha na empresa. A senhora o conhece...Ele está em casa? Indagou o mensageiro.
Daí, a mãe do Amilton disse que não o conhecia: Esse eu não conheço...Me
desculpe! Daí a irmã, cutucou a mãe com
o cotovelo e cochichou em seu ouvido: Mas mamãe Amilton não é Coca? Moral da
história, nem a mãe lembrava o nome do filho, porque em Antonina as pessoas são
mais chamadas e conhecidas pelo apelido. O Amilton era o Coca que quase perde o
emprego devido ao hábito de chamar as pessoas pelo apelido no lugar do nome.
História narrada pela própria família. Coisa de Antonina.”
Wilson Clio de Almeida Filho - 21 julho 2021
Obrigado amigo
Wilsinho... Valeu!
Em tempo de
pandemia, escreva uma das suas histórias, me envie que divulgo.
Assim vamos
construindo nosso repertório popular.
Antonina, 02 agosto de 2021
O Divã do Jekiti é uma coluna publicada no Blog palavradobó, com causos e histórias contadas pelos frequentadores do Jekiti, lugar de convivência social – ponto de ônibus com dois cafés. As conversas-histórias são gravadas, subscritas e postadas pelo editor do blog. Mas, em tempo de pandemia do Covid-19, para evitar aglomerações, os frequentadores enviam suas histórias por rede social...E a gente divulga!
Hoje quem vai pro Divã do Jekiti é nosso amigo “paciente” poeta,
compositor e professor Reinaldo Gonçalves Moreira - Pardal, que nos enviou esta
história. Conta pra nós Pardal:
MEIA VOLTA COMPANHEIROS
“Vou reproduzir aqui, uma estória que ouvi do saudoso Joel da Silva, mais conhecido como Cabo Chico, grande contador de estórias. No início do século passado, o movimento portuário era intenso, assim como o movimento noturno na Rua do Esteiro. Havia uma certa disputa entre Estivadores e Marinheiros pela ocupação das casas de diversão, ali devidamente instaladas, entretanto, desigual, pois os marujos além de serem novidades, carregavam o vil metal em quantidades maiores e esta preferência era o estopim para embates violentos. Numa noite, Jorginho Cabo Chico, pai do contador original deste fato, acompanhado de 3 outros estivadores, ao dobrarem a esquina do 29 de Maio, observaram 2 marinheiros fardados caminhando em direção à uma das casas. Jorginho que era um sujeito esguio, engraçado e tinha algo de boêmio e poeta, montado em sua bicicleta gritou: Avante companheiros, corramos pegá-los agora. E partiram atrás dos adversários, entretanto, ao virarem no Bar do Rui e entrarem na Comendador Araújo deram de cara com pelo menos 30 marinheiros, ao que, num piscar de olhos, Jorginho bradou: Meia Volta companheiros, fujamos sem demora, brigaremos outra hora.”
Obrigado amigo Reinaldo... Valeu!
Em tempo de pandemia, escreva uma das suas histórias, me envie que publico.
Assim vamos
construindo nosso repertório popular.
Antonina, 27 de julho
de 2021
O TOMBAMENTO DA CIDADE
Uma área da cidade, após vários estudos por
especialistas do Iphan – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional, é considerada de interesse de preservação e proteção, conhecido como
Tombamento.
Mas
o que é um Tombamento?
“O tombamento
é o ato de reconhecimento do valor histórico, artístico ou cultural de um bem, transformando-o em
patrimônio oficial público e instituindo um regime jurídico especial de
propriedade, levando em conta sua função social e preservando a cédula de
identidade de uma comunidade, e assim, garantir o respeito à memória do local e
a manutenção da qualidade de vida. A etimologia da
palavra tombamento advém da Torre do
Tombo, arquivo público português onde são guardados e conservados documentos importantes.
Um bem histórico é tombado quando passa a figurar na relação de bens culturais
que tiveram sua importância histórica, artística ou cultural reconhecida por
algum poder público (federal, estadual ou municipal) através de seus
respectivos órgãos de patrimônio.” (1)
O tombamento poderá acontecer no nível federal,
estadual ou municipal.
O tombamento do Conjunto Histórico e
Paisagístico de Antonina, foi realizado em duas etapas, a primeira em
caráter provisório, publicada no em 29 de junho de 2011 (ver doc.
anexo), no Diário Oficial da União (DOU) delibera sobre as poligonais da área
tombada e de entorno. Cuja área passou a ter proteção federal e não pode sofrer
danos.
Após a comunicação feita pelo IPHAN-PR, através de reunião pública, da
prefeitura e da imprensa, foi dado um prazo para que a comunidade pudesse se
manifestar a respeito do ato do tombamento. Sendo sua aprovação definitiva a 26
de janeiro de 2012, pelo Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural
na sede do Instituto do Patrimônio Histórico de Artístico Nacional - Iphan, em
Brasília. De acordo com o parecer técnico elaborado pelo Iphan, a área tombada
materializa os processos de ocupação territorial no Sul do Brasil,
particularmente no Paraná, e está diretamente ligada ao primeiro ciclo de
exploração do ouro no país. O presidente do Iphan, Luiz Fernando de Almeida,
lembra que Antonina já possui tombamentos isolados pelo governo estadual e a
decisão do Conselho Consultivo proporciona “a inclusão de mais um agente, que é
o Iphan, em todo um trabalho que já vem sendo realizado pela preservação do
patrimônio cultural.
“A proposta de tombamento de Antonina partiu da identificação de duas distintas áreas situadas entre as margens da Baía de Antonina e o sopé dos morros que envolvem a cidade: o Centro Histórico e o complexo das Indústrias Matarazzo. Para proteção da área tombada, o entorno proposto pelo Iphan-PR engloba os conjuntos, os morros que emolduram a cidade e parte da Baía de Antonina.” complementa o Iphan. (2)
Conceito histórico e justificativas
(Transcritos de docs. publicados pelo Iphan)
“A região da Baía de Paranaguá foi uma das primeiras áreas exploradas pela Coroa Portuguesa na Região Sul do Brasil. Com sua extensa entrada para o continente, foi considerada um local estratégico para o controle da região e para a busca por índios e metais preciosos. A exploração de ouro na baía impulsionou o desenvolvimento inicial de Paranaguá, bem como das localidades vizinhas, como Antonina, Guaraqueçaba e Morretes.
As primeiras
descobertas de jazidas em Minas Gerais, no início do Século XVIII, deflagraram
o processo conhecido como “corrida do ouro” e fez com que as povoações formadas
no litoral do Paraná voltassem suas atividades para a subsistência. Com a
elevação de Antonina à categoria de Vila, em 1798, e com a reabertura dos
portos brasileiros dez anos mais tarde, a disputa entre Paranaguá e Antonina
pelo controle da atividade portuária se acirra. Como resultado deste embate
político, o Caminho da Graciosa é reaberto para facilitar o escoamento da
produção agrícola do interior do estado para o litoral.
A partir de 1820, com a
implantação de engenhos de erva mate para exportação, o incremento de atividade
portuária levou a um rápido crescimento urbano, com a abertura de novas ruas, a
construção das igrejas de São Benedito e de Bom Jesus do Saivá, do primeiro
trapiche e do mercado de Antonina. Obras para tornar o Caminho da Graciosa
carroçável e a construção da Estrada de Ferro Curitiba-Paranaguá, na segunda
metade do Século XIX, intensificaram a comunicação entre Antonina e as demais
cidades paranaenses.
A partir de 1914 houve
um novo período de crescimento para a cidade, com o início das atividades das
Indústrias Matarazzo. Devido à falta de investimentos, ao assoreamento
dos canais da baía e ao progressivo aumento do calado das embarcações, a partir
de 1930, o Porto de Antonina entra em decadência. Várias empresas fecharam as
portas, levando a cidade, mais uma vez, à estagnação econômica. Em 1972 houve o
fechamento das Indústrias Matarazzo e, em 1976, a desativação do ramal
ferroviário Morretes-Antonina.
Paisagem natural
O ambiente natural de Antonina,
formado pelas montanhas da Serra do Mar e pela Baía de Paranaguá, foi
determinante para a implantação da cidade neste local e para a forma como se
deu seu crescimento. Por esse motivo, Antonina foi descrita como pitoresca por
viajantes que por ali passaram no Século XIX, como o engenheiro inglês Thomas
Bigg Wither: "um lugarejo bonito e até pitoresco, situado, como está,
entre a terra e a água, ao pé de gigantesca cadeia de montanhas, a Serra do
Mar”.
A escala e porte de
Antonina relacionam-se harmonicamente com o ambiente natural em que está
inserida. Este conjunto preserva uma rara qualidade ambiental nas atuais
cidades brasileiras e configura-se em potencial para seu desenvolvimento
social.”
Saiba mais...Texto na íntegra no livro "Antonina Frag-men-tos"
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Hoje quem vai pro Divã do Jekiti é nosso amigo
“paciente” e o mais flamenguista da Capela, Ederson Martins, que nos enviou
esta história. Conta pra nós Ederson:
COISA DO DIABO
No carnaval de Antonina - não lembro o ano, o Bloco dos Apinagés se preparava em frente ao campo do 29 de Maio, para desfilar, e alguns componentes tomavam uma pinguinha no Bar do Durval para aquecer. Ao lado do bar funcionava uma Igreja no prédio de Paquecho (Pleksus) antigo Patina Som. Alceu Dengue fantasiado de índio com um baita chifre na cabeça tomava uma no Durval, quando alguém falou: Alceu, meia dúzia de cerveja agora aqui no balcão pra você entrar - assim como está, lá na igreja. Alceu respondeu: Pode abrir agora que eu vou lá e já venho tomar essas cervejas. Sem qualquer indecisão Alceu rompeu a igreja porta adentro no meio da cantoria. Quando o pastor viu aquele índio chifrudo no centro do templo...Berrou: Irmãos, fechem a porta da igreja que o diabo está aqui dentro.
Lembrando das cervejas no balcão, Alceu respondeu: Calma!!! Não fechem ainda a porta, esperem o diabo sair primeiro. E saiu em uma disparada para matar a sede. Contam que uma semana depois do ocorrido, o teto da Igreja desabou. Coisas que só acontecem em Antonina.
Obrigado amigo Ederson... Valeu!
Em tempo de pandemia, escreva uma das suas histórias, me
envie que publico.
Assim vamos construindo nosso repertório popular.
O Divã do Jekiti é uma coluna publicada no Blog palavradobó, com causos e histórias contadas pelos frequentadores do Jekiti, lugar de convivência social – ponto de ônibus com dois cafés. As conversas-histórias são gravadas, subscritas e postadas pelo editor do blog. Mas, em tempo de pandemia do Covid-19, para evita-se aglomerações, os frequentadores enviam suas histórias por rede social...E a gente publica!
LICITAÇÃO PARA A CICLOVIA URBANA
A comunidade ciclista da cidade aguarda com atenção a Licitação para a Sinalização da Ciclovia Urbana em nossa cidade. Conforme anexo a publicação do setor de licitação da Prefeitura Municipal para os serviços de Sinalização do Ciclo Viário Urbano, incluindo os serviços de serviços preliminares (?), sinalização horizontal e de trânsito, mobiliário urbano e placas de comunicação visual. Os recursos são da própria prefeitura como também de uma emenda parlamentar do Deputado Estadual Goura.
Aguardamos que as obras sejam concluídas o mais breve,
dando assim maior segurança a nossa comunidade do pedal e aos transeuntes em
geral que navegam nessa via.
Fiscalização
Como toda obra, se faz necessária uma fiscalização atenta
da comunidade cujo recurso foi destinado, como também do nosso legislativo,
cuja função principal é de fiscalizar a aplicação dos recursos e da qualidade
de cada obra licitada pelo executivo municipal.
Muito simples!
Hoje temos novidades, com presenças femininas no Divã do Jekiti. Nossas “pacientes” enviaram suas histórias. Primeiramente Lizangela Siqueira, consulesa capelista em Paranaguá, e Marilisa Fonseca Lange, nossa amiga veterinária.
Conta pra nós Liz.
Bacucu...Eta marisco bão!
“Essa história aconteceu no início do século 20.
No tempo que a mulher a esposa, tinha que aceitar tudo calada as ordens e o comportamento do marido.
Certa dama da sociedade descobrindo as traições do seu marido, era obrigada a baixar a cabeça e aceitar calada, porém mesmo assim com a educação refinada soube com classe castigar seu marido.
Certo dia começou a fazer tudo com tal fruto do mar, o Bacucu. Era bacucu no café da manhã, bacucu no almoço, bacucu no café da tarde e na janta, e o cardápio se repetiu por dias e semanas.
Até que o filho já enjoado pergunta? Mãe porque tanto bacucu? A mãe com toda classe e requinte respondeu ao filho olhando para seu esposo: Meu filho, é que seu pai gosta muito de bacucu.
Moral da história: Ela descobriu que o marido estava tendo um caso com uma moça da Família Bacucu.”
E aí Marilisa...Conta pra nós!
Minha boneca Biju
“Quando tivemos sarampo seu Mário Pires, primo da minha vó que era casado com uma das Whiters. Acho que era a Cidinha, vieram nos visitar e me deram uma boneca que dei o nome de Biju, de cabelo loirinho e que chorava quando apertava a testa. Meu xodó. Eu não ia ainda pro Jardim de Infância Pimentinha, mas meu irmão Hiram e João do seu Homero iam. Nossos pais se revezavam para levá-los. O Bar do seu Homero era numa parte onde foi as Casas Pernambucanas e hoje é a Loja Real Brasil. Nossa casa ficava na mesma quadra, na rua Vale Porto, 26. Uma tarde, eu estando no quintal com a minha Biju, Joao pegou a minha boneca e não me devolvia. Eu disse que se ele não devolvesse minha boneca eu iria dar uma enxadada na cabeça dele. Ele debochou e batia na minha boneca para me provocar. Como eu consegui o feito eu não sei, mas deve ter sido a raiva, pois João era muito mais alto do que eu, mas abri o couro cabeludo dele com a enxada e meus pais o levaram para o hospital para dar pontos.
Acho que foi por isto que João se meteu em política. A
enxadada mexeu com os neurônios dele. Coisas de Antonina!
Não mexa com quem está quieto.
Eis que me deparo com duas mulheres pescando e comentei
(em tom de brincadeira) com uma delas:
" - Olha como o mundo está mudando: As mulheres agora é que vêm pescar e os
homens é que ficam em casa." O que imediatamente uma delas
complementa: " - ...E os viados vêm passear!”.
E logo em seguida recebi mais uma saraivada de ‘impropilhos’
verbais de baixo calão pela minha "gracinha" de mexer com quem estava
quieto (ou quietas). Donde percebemos tratar-se de "casal" de
pescadoras e, que uma delas, declarava-se muito ciumenta. Fiquei de cara e ao
mesmo tempo quis revidar a má educação e ciúme desmedidos, ao que a dona Helena
me puxou pela camisa e me alertou: "- Melhor a gente sair fora senão você
vai é cair na água! Ela vai te jogar fácil...fácil". E realmente, a Helena tinha razão, pois a
brava parecia um touro (ou seria uma vaca?) de grande e forte.
Saímos dali e depois rimos muito!
Mexa com quem está quieto. Aprendi a lição.
Obrigado Iran... Valeu!
Em tempo de
pandemia, escreva uma das suas histórias,
me envie que publico.
Assim vamos construindo nosso repertório popular.
Morre o arquiteto José Luiz Lautert, ex-superintendente do Iphan no PR
Por Luan Galani 21/05/2021 19:47 Gazeta do Povo
Faleceu na tarde desta sexta-feira (21) o arquiteto José Luiz Desordi Lautert, 60 anos, que por 14 anos trabalhou no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) no Paraná, sendo três destes como superintendente do órgão que ajuda a zelar do patrimônio. O arquiteto foi vítima de um acidente vascular cerebral (AVC) hemorrágico.
Formado em Arquitetura e Urbanismo pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná, Lautert prosseguiu com formação em restauração de monumentos arquitetônicos pela Universidade Politécnica da Catalunha, na Espanha, e em gestão técnica do meio urbano pela Universidade de Compiège, na França.
Antes de ser superintendente do Iphan no Paraná, Lautert foi chefe da divisão técnica da mesma repartição pública, além de ter trabalhado na Coordenadoria do Patrimônio Cultural do Estado do Paraná (CPC) e no Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc).
"Ele era uma pessoa de que todos gostavam. E sempre se dedicou muito à profissão de arquiteto. Era um profissional sério, bem técnico. Eu tenho um carinho muito grande por ele porque nos conhecemos desde 1982, quando ele entrou como estagiário na CPC. Tínhamos uma compatibilidade de pensamento pelo patrimônio", conta Rosina Parchen, atual superintendente do Iphan no PR e ex-coordenadora da CPC.
Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/haus/arquitetura/morre-jose-luiz-desordi-lautert-ex-superintendente-iphan-parana/
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Nota do Blog: José Luiz Desorti Lautert, arquiteto e meu amigo desde os tempos da Faculdade de Arquitetura, onde estagiou na Coordenadoria do Patrimônio Cultural da Secretaria de Estado da Cultura, onde trabalhei nos anos oitenta.
Como Superintendente do Iphan-Pr, foi responsável diretamente pela realização das obras de recuperação do Armazém Macedo, da Igreja do Senhor Bom Jesus do Saivá e da Estação Ferroviária. Pessoa que além de sua capacidade profissional, sempre demostrou um carinho especial por nossa cidade, comprovado por suas realizações.
A cultura do Paraná e em especial Antonina, perdeu um
grande lutador e defensor do nosso patrimônio cultural. Estou muito
triste...Mesmo!